Maurício Barros (Barão Vermelho) - Entrevista no Vitrola Verde

Cesar Gavin e Maurício Barros

Programa Vitrola Verde
Direção, imagens, reportagem, pauta e edição por Cesar Gavin.
Gravado em 01/07/2017 no Tom Brasil (São Paulo - SP)

Convidado: Maurício Barros, tecladista do Barão Vermelho.

Neste episódio, Maurício comenta a sua volta como integrante do Barão e toda a sua trajetória gravando com o Frejat, Nando Reis, Cássia Eller, Os Paralamas do Sucesso, Gabriel O Pensador e Buana 4.


"Meus Bons Amigos" 




Curiosidade

Neste episódio, Mauricio Barros, comenta sobre os bastidores do álbum "Puro Êxtase" (Barão Vermelho) e desentendimento entre o percussionista Peninha e o produtor Memê.

No ano passado, Memê comentou em sua rede social o falecimento do Peninha (decorrência de um choque hemorrágico no estômago) e citou a "suposta desavença"


"Como passaram-se quase 20 anos e a internet naquele tempo não era desenvolvida como hoje, muita gente não sabe que eu produzi o penúltimo disco de estúdio do BARÃO VERMELHO, o inesquecível PURO ÊXTASE, que alem da brilhante faixa título, trazia tambem o super-hit clássico POR VOCÊ. Registro feito, já posso explicar o que quero :

Foram quase 6 meses de trabalho pois a idéia não era simples: Eu precisava achar uma forma de misturar o som da banda com os meus "artefatos" eletrônicos sem descaracterizar a música que o BARÃO já fazia há anos...ou seja: TROLHA !! Felizmente, como sabemos, o disco deu certo e as músicas são cantadas e tocadas até hoje.

Uma das dificuldades surgidas foi manter a paciência de todos para com o meu método de trabalho, que era literalmente diferente do deles. Uma banda entra em estúdio, cada um pega seu instrumento, contam 1,2,3 e....TOCAM ! Pronto. Tá gravado. No meu método é tudo ao contrário: Primeiro eu programo a bateria, edito, depois gravo os acordes da musica por cima, edito, aí entro com o baixo, ouço, edito aqui e ali, etc,etc. Isso (claro) gerou uma tensão de vez em quando, e o mais afetado emocionalmente acabou sendo o PENINHA, que não se conformava com o método "eletrônico" e toda hora soprava no meu ouvido: -"É banda, mano...BANDA !"

O inevitável aconteceu: Houve um momento em que eu já estava tenso também porque minha intenção era fazer um bom trabalho, mas a grande verdade é que eu JAMAIS havia trabalhado com banda até aquele momento, somente artistas solo, e comecei a me preocupar com o andamento da gravação...e com o "soprar" do PENINHA no meu ouvido. Porém, num certo dia em que eu estava programando a bateria de PURO ÊXTASE (que em estúdio foi magistralmente dobrada por Guto Goffi) chega o PENINHA mais uma vez no meu ouvido, só que dessa vez por outra razão :

-" Mano, tá muito reto isso."

Pronto, ali já entrei num estado entre o puto e o tenso.

-" Tá Peninha ? O que vc sugere ???"

-" Só uma coisinha: Bota uma outra caixa aqui, entre o 1º bumbo e a 2a caixa, só que meio deslocada pra dar um swing, mano...senão fica duro."

Hmmmm...coçei a cabeça:

-" Tá. Tá aqui ó. Bota aí".

Ainda meio azedo, Dei a ele um outro som de caixa e...BUM !!! O "sol se abriu" como num passe de mágica !

Foi ele botar a caixa ali e a música virou o que virou ! Uma nota...apenas uma nota o FDP botou, e fez com que todo mundo dançasse até hoje. O mano era foda. E pra completar, ele tocou no meu disco favorito de Lincoln Olivetti e Robson Jorge. Éramos moleques perto dele.

Agora eu já aprendi : "É BANDA, MANO...BANDAAA" !!

Descanse em paz, queridão...aliás...paz é o caralho, vai começando a bagunça aí que quando eu chegar quero entrar pra banda !!
Meme.


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